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13 janeiro 2016

David Bowie: a vida e o legado na moda! (Texto de Vitória Santos)



Vamos iniciar falando de arte. O que é arte? Apesar do significado profundo, podemos verbalizar isso de forma simples. A arte pode ser simplesmente uma manifestação humana, realizada de várias maneiras, com diversas formas de linguagens. Cada manifestação tem um significado único e expressa ideias, emoções e até mesmo devaneios da raça humana. E é nessa linha de pensamento que percebo que cada linguagem da arte tem seus seguidores e criadores. Uns especialistas em música, outros em cinema, em dança... Mas é sempre admirável quando vem um e consegue reunir muitas linguagens numa só. Não é comum encontrarmos alguém capaz de fundir vários elementos artísticos num só. Acredite, a memória deste alguém vai resistir às passagens do tempo só por ter sido responsável por essa magnífica fusão. E assim chegamos em David Bowie. Tudo bem, você pode até não conhecer o camaleão do rock, mas sem dúvida alguma já viu aquele raio vermelho e azul estampado em camisetas, imagens bonitinhas do Tumblr ou em tatuagens (Se for um fã da Vogue, como eu, deve lembrar-se da Vogue UK de 2012, em que Kate Moss estampou o raio de Aladdin Sane na capa). E se você decidir pesquisar sobre ele agora, vai encontrar fontes óbvias dizendo que David era um artista musical. Mas não, ele foi bem mais que isso. Primeiro, não podemos desvincular a sua música da imagem. Sua obra vai além das ondas sonoras. Bowie foi responsável por uma revolução cultural que inovou não só a música, mas também a moda e a maneira de se vestir da época. Se hoje você vê notícias do filho de um ator famoso que está fazendo campanha de roupas femininas para desafiar essa questão de gênero e acha isso algo inovador, eu sugiro que volte umas casinhas e vá aos anos setenta, onde Bowie já desafiava tudo isso com sua rebeldia punk e glamour andrógino. 


Ok, música é arte. Mas onde a moda entra no meio de tudo isso? Eu entendo que a "numeração das artes" já está certinha e escolhida, e a moda não está na lista. Apesar de todas as tentativas de se explicar o que é a moda, nunca encontramos a palavra "arte" no meio delas. Não sei combinar cores e nem entendo muito esse amontoado de listras ou xadrez. Conheço Dior e Oscar de la Renta, adoro desfiles do SPFW e um dos meus humildes sonhos é participar da Semana de Moda de Nova York. Sei a importância da Coco Chanel para todas as mulheres, mas confesso que não sou nenhuma entendida desse assunto - na verdade, me acho totalmente ignorante. Mesmo tendo inúmeros ícones da moda como exemplo, vou citar logo a Blair Waldorf, de Gossip Girl (saudades!): "Moda é a arte mais poderosa que existe, é movimento, design, arquitetura, tudo em um. Mostra ao mundo quem somos e quem queríamos ser". E assim eu começo onde finalmente queria chegar. 

David Bowie mostrou que é completamente capaz de reunir música e moda de uma maneira esplêndida. Para ele, as roupas eram uma das principais formas de transmitir sua mensagem como músico. Dono de muitos alter-egos como Ziggy Stardust e Aladdin Sane, sua maneira de enxergar a moda fez parte de uma grande revolução cultural que até hoje temos como inspiração. David deixou sua marca no estilo, no design, no visual e, é claro, nas roupas. Seu trabalho não agradava apenas aos ouvidos, mas também aos olhos. Não foi à toa que precisaram fazer uma grande exposição no Victoria and Albert Museum em 2013 (e também no Museu de Imagem e Som em São Paulo) para mostrar suas 300 peças que o acompanharam em sua carreira. Grandes estilistas como Alexander McQueen (que desenhou suas roupas para a turnê Earthling em 1997) fizeram parte da vida de David e foram influenciados (direta ou indiretamente) por ele. Giorgio Armani desenhou suas roupas para a turnê Sound and Vision em 1990 e Kansai Yamamoto esteve presente em diversas turnês de Bowie. 


Além de tudo isso, ainda é preciso ressaltar o legado que o cantor inglês de olhos de duas cores nos deixou. Assim como o muro de Berlim foi derrubado, que caia também a barreira entre a roupa masculina e feminina! Suas personas mostraram que não é necessário seguir padrões e por mais que o gênero na moda seja algo bastante discutido atualmente, há décadas esse tabu foi quebrado por David Bowie. O mundo da moda já admitiu há tempos a importância da sua influência: Jean Paul Gaultier, Jonathan Saunders, Hedi Slimane... Bowie é nada mais que um desfile de moda ambulante. E sua androginia, sua liberdade de misturar formas, cores e brilhos, seus saltos altos e maquiagens, seus ternos e maiôs, tudo isso causou impacto no mundo visual como um meteoro que nunca vamos superar e nos trouxe mais uma explicação para a moda, que além de ser uma expressão, uma arte, um movimento visual, é também uma ideia de liberdade.  



TEXTO: Vitória Santos (Que além de homenagear esse ícone, esteve disposta a escrever de madrugada ❤)

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